domingo, 16 de janeiro de 2011

É no Outono que as folhas caem



Olá, sei que era pra eu falar do inverno, visto que a neve caiu e por muitos dias ficamos em casa por não ter condições de locomoção. É a coisa esfriou por aqui.
Mas, antes de falar do inverno, e sei que estou atrasada, tenho que falar do outono, para concluir meu raciocínio sobre estações como o ciclo da vida.
Te digo, tô ficando cada dia mais e mais inspirada. Acho que é a saudade madura. Não sei. 
Para começar a falar do outono selecionei esta música do Roberto Carlos. Antiga....acho que muitos não conhecem. Eu, não conhecia. 





Folhas de Outono

Roberto Carlos

Composição: Francisco Lara / Jovenil Santos
As folhas caem
O inverno já chegou
E onde anda
Onde anda o meu amor
Que foi embora
Sem ao menos me beijar
Como as folhas
Que se perdem pelo ar
Mas ainda nela eu penso
Com muito carinho
As folhas vão caindo
E eu choro baixinho
Mas tenho a esperança
Que ela vai voltar
As folhas quando caem
Nascem outras no lugar
















Começando do começo.


O outono prepara a gente para o inverno. Como assim? Pelo óbvio temos: As folhas caem, o dia fica mais curto, o sol aparece menos, a temperatura cai, os animais começam a correr contra o tempo para ter comida durante o inverno.

As cores do inverno sao belíssimas porém traiçoeiras. O que começa com tons laranja e amarelo num lindo degradê, te leva ao marrom, te leva a árvores sem folhas. Te leva a uma paisagem curiosamente linda, porém triste. O vento pode soprar muito forte, trazendo consigo grandes mudanças.


As pessoas acham que o inverno é doloroso, mas não sabem que é o outono que transforma as coisas.

O outono em nossa vida ele é um pouco mais complexo que isso. No nosso outono, a gente sente que algo está por vir, a gente realmente não sabe se é bom ou ruim, mas sabe que é algo grande.
Começamos a nos fechar mais, diminuímos a frequencia dos sorrisos. 
Na prática, as coisas começam a ficar feias. 




Tragédias acontecem no outono, os "amigos" começam a ficar muito ocupados pra gente, batemos o carro, entramos na justiça, perdemos, velórios, desemprego, xiiiiiii e as doenças? 


É, o outono pode parece bem cruel não é? Mas ele é imprescindível para o ciclo da vida.

"O fenômeno da queda das folhas é um mecanismo de defesa para o carvalho. Coma a chegada dos grandes frios e da neve, o solo e a água que nele se encontra gelam e isso vai privar o nosso carvalho, e, claro, também as folhas, do seu alimento. Para escapar a este período de falta de alimento, o carvalho entra num estado de adormecimento até à Primavera.

Que devemos fazer com as folhas mortas? Pois bem, na floresta, e contrariamente ao que as pessoas fazem nos seus terrenos e jardins, devemos deixar as folhas mortas sobre o solo: elas servem de fertilizante natural para esse solo, uma vez que se decompõem. Assim, o solo fica mais rico em matéria orgânica e isso permite alimentar os outros vegetais (e  o próprio carvalho) que se encontram nessa floresta." (Fonte: http://web.educom.pt/pr1305/outono35.htm)


Então eis a chave. O outono vai chegar na sua vida. Uma hora sempre chega, mas saiba que todos passam por ele. É preciso passar por ele. Faz parte da sua vida. É preciso que sua terra seja adubada para que quando chegue a Primavera, suas flores sejam ainda mais lindas e que você esteja um tanto mais forte.






Fotos tiradas em Slane - Ireland e em Fonthill Bishop - England









sábado, 1 de janeiro de 2011

Roma - Itália (Mamma mia, here I go again)

Vou contar para vocês uma história real. Essa história aconteceu comigo. Mas antes uma música....


Io che amo solo te

Sergio Endrigo

Che gente che avuto mille cose
tutto il bene, tutto il male del mondo
Io avuto solo te
Io non ti perderò, non ti lascerò
per cercate nuove aventure

Che gente che ama mille cose
e si perde per le strade del mundo
Io che amo solo te
Io mi fermerò e ti regalerò
quel che resta della mia gioventù

--(instrumental)

--Sin, io che ho avuto solo te
--Sento che senza promae desta
--Per che non te contro mai lascerà
--Per cercate nuove aventure

Che gente che avuto mille cose
e si perde per le strade del mundo
Io che amo solo te
Io mi fermerò e ti regalerò
quel che resta della mia gioventù



Roma cidade eterna, por tantas histórias, lutas, impérios e imperadores, cristãos perseguidos e sede da "cristandade" moderna. Com um pouco mais de suspense vou expor a Italia, como fiz com os demais países.

ITALY
Capital: Rome
População: 57,998,353
Área: 301,230Km2
Língua Oficial: Italiano

La Dolce Vita, La Serenissima, Il Bel Paese...essas frases apenas arranham a superficie de um pais que tem encantado visitantes desde o dia do Grand Tour e mais além. Indo a partir do consciente design de Milão, a Renascença de Florença, a rica e cosmopolita Roma ou ainda mais ao tradicional sul, a Itália é uma mistura sedutora de história, cultura, moda e gastronomia. É impossível não se apaixonar por um país que está conectado de modo surpreendente com as antigas glórias do passado e do sofisticado prazer sofisticado contemporâneo.

MELHOR ÉPOCA PARA VISITAR
Abril a Junho, quando não está tão cheio ou quente

EXPERIÊNCIAS ESSÊNCIAS
*Alugar um carro e dirigir pelo belo interior da Toscana.
*Sentir as histórias que cercam as ruínas de Herculano e Pompéia.
*Ficar na fila durante horas para entrar na Galeria Uffizi, em Florença.
*Arriscar-se nas ilhas menos turísticas da Sicília e Sardinha.
*Percorrer os canais de Veneza e descansar num passeio de gôndola.
*Fazer compras na Golden Quad em Milão ou na Via del Corso em Roma.

EMOÇÕES A FLOR DA PELE
*Ler - o magistral "O Nome da Rosa" de Umberto Eco, um conto medieval recheado de mistério. Thomasi Giuseppe di Lampedusa com "O Leopardo" que retrata a morte da realeza Siciliana e o aumento da nacionalidade italiana.
*Ouvir - Pavarotti, um dos tenores mais amado do mundo; andrea Bocelli, muito popular com suas interpretações de clássicos e Jovanotti, conhecido por seus estilo rap maluco.
*Assitir - "Roman Holiday" para uma visão romântica ou tentar o clássico de Fellini, "La Dolce Vita", e para uma visão moderna, "L'Ultimo Bacio" que explora as questões que afetaram a Itália da década de 30.
*Comer - polenta (angú), baccalà (bacalhau), Rissotto nero (aromatizado com tinta de lula), sfogliatelle (massa recheada com ricota), panetone (pão, frutas secas, usualmente consumido no Natal.)
*Beber - espresso (café forte), Chianti (vinho de Toscana), Marsala (vinho doce), grappa (licor a base de uva.)

EM UMA PALAVRA
Ciao Bella! (Olá gracinha! Que beleza! Que saúde! Eita lá me casa! E por aí vai)

MARCAS
Fiat; Vespas; pizza em fatia; ruínas romanas; Michelangelo e Leonardo; La Cosa Nostra; Prada, Gucci, Armani, Versace e Dolce Gabbana; Ferrero, Campari e Parmalat)

SURPRESAS
Cappuccinos são considerados café "Americana"; nem todo italiano tem conexões com a máfia; Pesto originalmente vem de Gênova, in Ligúria.


Um italiano é antes de tudo um siciliano ou toscano, um romano ou napolitano, antes de ser italiano. Confrontado com um estrangeiro, no entanto, os italianos revelam um orgulho nacional difícil de detectar nas relações reservadas que tem uns com os outros.


Minha Impressão:

Bom galera, primeiro dia em Roma.

Chegamos na estação do centro da cidade chamada Termini, estava chovendo muito. Todos com muita fome pois houve atraso para embarcar por causa da clima, mas três horas de vôo, passar pela imigração, pegar um ônibus para o centro (mencionado acima). Pedimos informação para um passageiro italiano sobre lugar bom de ir com comida boa. Tinha uma pizzaria perto da estação, fomos correndo pra lá. Literalmente correndo, porque a chuva tava forte, estávamos com mochilas e para as garotas, chapinha no cabelo. 
Que beleza! Me senti no Brasa, os italianos falam alto e utilizam muitos movimentos com as mãos quando falam, na verdade eles falam com a mão é uma linguagem própria. Se você vê alguém conversando utilizando muito as mãos, ou é italiano ou tem sangue.
Pizza maravilhosa e os preços são ótimos também. 
Bom já era noite, depois de comer, ainda temos que procurar o hotel que fizemos reserva. Acredite não foi tarefa fácil, três garotinhas (risos) com mapa na mão, mochila na costa e chuva na cabeça, procurar um hotel altas horas da noite. Ficamos com medo. Mas conseguimos.
Chegando com chuva

Pose pra foto esperando o bus

Eita fome
Check-in feito, hora de descansar anciosas pelo outro dia. 

E o dia amanhece sem chuva, é um presente de Deus. Porque não é agradável fazer turismo com chuva atrapalhando nosso vestuário e chapinha novamente né.
Voltamos a estação termini para então pegar o Metro para visitarmos a cidade do Vaticano. Fomos bem cedinho, ainda não estava cheio de gente ou filas quilométricas. Não posso esquecer de mencionar o carinho dos italianos para com nós. Vou frisar, os italianos, porque as italianas não foram agradáveis nem um pouco, nem como clientes elas nos tratavam bem. Pra mim foi um choque, pois tive a oportunidade de morar com duas italianas Chiara e Alice que era muito legais e simpáticas.
Que linda a Basílica de São Pedro, passamos por uma barreira de raio-x para entrar e ... acho que fizemos sucesso lá. Recebemos um convite por parte de uns funcionários de subir a cúpula de Miguel Ângelo de graça. Lógico que depois pediram nosso telefone para um possível encontro para um bate papo inocente (risos). 
Visitamos também a tumba dos papas mortos, e acreditem, tinham 3 seguranças vigiando a tumba do penúltimo papa João Paulo II que morreu em 2005. 
Fomos ao gigantesco museu do vaticano e a maravilhosa capela sistina, essa que custamos a encontrar. E se pensar que é lá onde a alta cúpula de reúne para a escolha do novo papa.
Bater perna e ir da praça de São Pedro ao Castelo de Santo Ângelo.
Foi um dia bem proveitoso. E a noite, já com pés cansados, e com fome, que tal uma pizza numa pizzaria linda em frente ao hotel. Boa pedida!
Praça São Pedro - Vaticano

Na cúpula de Miguel Ângelo - Basílica de São Pedro

Ainda lá

Pizza individual...kkk...é muito galera

Dia 3, dia de visitar o coliseu, mas antes temos que bater perna no centro, vamos ao Panteão, que foi originalmente um templo dedicado a todos os deuses do panteão romano (Cupido, Marte, Júpiter, Juno, Plutão, Minerva...), dia também de visitar a fonte dos desejos Fontana de Trevi, ao qual demorei uns 10 minutos para fazer meu pedido antes de jogar minha moeda. Meu pedido esse que só revelo quando concretizado. Dia de comprar souvenirs para a galera do Brasa. Dia de visitar a loja da Disney essa que visito em todo país que vou e que tem, como França, Inglaterra e Irlanda do Norte.
Andar, andar e andar,  e chegar ao coliseu, coração bate mais forte. Afinal quem nunca sonhou em ir ao Coliseu. Quem não assistiu o filme "O Gladiador" e não arrepiou quando mostram ele em sua forma mais ativa. 
Hora de pagar pra entrar, hora de chorar de emoção, hora de agradecer a Deus pelo presente de natal adiantado.
Hora de voltar para o hotel, olho inchaço de choro, pés inchados de cansaço, barriga inchada de gás (risos) mentira, só coloquei isso pra rimar, a barriga estava vazia. Que tal pizza?
Disney Store

Panteão

Castelo Santo Ângelo

Fontana de Trevi -e fiz meu pedido

Coliseu

a farra

Hotel

Ùltimo dia antes de voltar para o aeroporto e para Dublin, vamos aproveitar. Onde podemos ir hoje? Que tal Piazza Navona, recebi indicação que lá tinha os melhores locais para diversão noturna, embora não tivéssemos ânimo para ir a noite, vamos pela manhã pelo menos conhecer. Tinha tipo um parque montado com carrossel e vendas de ursos de pelúcia gigantescos. E também muita comida típica. Ah que beleza de cidade recheada de obeliscos e lindíssimas fontes. Dá tempo de subir as escadas do monumento dedicado a Vittorio Emanuele II, e haja fôlego. Parecia tudo estar indo bem, sem chuva, e no caminho achamos uma champanhe que descobriríamos custar R$1.700,00....uau.
Vittorio Emanuele II

Feirinhas em Navona
Tantas fontes...





Piazza Navona

A lenda de Rômulo e Remo

Hora do check-out, simbora pra casa, foi o que pensamos. As coisas ruins estavam para começar.
Fomos para a estação Termini esperar pelo ônibus que nos levaria ao aeroporto, fomos mais cedo pois nossa companheira de viagem Juliana, estava passando mal e resolvemos sentar com ela dentro da estação. Deu a hora fomos para o ponto e esperamos por volta de uma hora pelo nosso ônibus e adivinhem, ele não veio. Corremos para o outro lado da estação para pegar um outro ônibus e quase que a gente não encontra vaga, estava LOTADO!.

Atrasadas corremos para fazer o check-in e...surpresa, vôo cancelado. Fila kilométrica, stress e...passagem de volta para Dublin só no dia 1 de janeiro. Cheguei a mencionar o dia? Não? Era dia 20 de dezembro. Mas tinha também a opção de irmos para Treviso, uma cidadezinha perto de Veneza, e pegarmos o vôo no outro dia. Era nossa alternativa menos doída, digamos assim. Naquela noite fomos levados a um resort maravilhoso num canto onde nem sei no mapa, por conta da empresa aérea. Conhecemos duas brasileiras simpatissíssimas do Amazonas que estudam na França e um casal que estava de férias vindo do rio Grande do sul. Brasileiro de encontra onde ele vai. Fizemos ali uma aliança. Onde um fosse, todos iriam. Teríamos um transfer as 5am ate uma estacao de trem, ao qual, achávamos ser a estação termini. Estávamos enganados. O motorista deixou a gente numa estação de trem num lugar muito suspeito, e repito, num lugar onde não sei qual é. Tava escuro, eu Débora, escutei lobos, talvez fosse psicológico, pode ser, acontece.
Nós e as amazonenses Gisele e Rosi

Pegamos o trem para a estação termini e de lá pegariamos um até Treviso, mas não tinha trem direto a Treviso, teríamos que descer em Veneza e de lá pegar um trem para Treviso e de Treviso pegar um ônibus para o aeroporto. Este que geralmente fica afastado da cidade. Chegamos quase em cima da hora para fazer o check-in e na fila recebemos a noticia.....vôo cancelado....ai que &$%¨!@"#$#!#!@#@!##!@#@$!""#$#%¨%¨%&, corre agora para outra fila para tentar marcar novamente passagem e mais noticias. Vôo para Dublin só dia 2 de Janeiro, tem outra opção? Tem Londres hoje a noite quer? Queremos. Passa o dia todo sentado no chão do minúsculo aeroporto de Treviso, nem vou mencionar fome porque isso seria clichê para vocês leitores.

Hora do check-in, medo de ser cancelado, em Londres tava nevando, o vôo tava marcado para as 22h00. Até então tudo certo, check-in, segurança, imigração, agora é esperar o portão de embarque. Tudo beleza! Na fila pra entrar no avião, nos fizeram esperar uma hora, a galera já morta de cansaço sentada no chão. Eu tenho que admitir que tireu um cochilo ali na fila. E ainda o medo de cancelar o vôo. Abriram as portas e...que frio! Não tinha levado roupa de frio para Roma, afinal lá é quente. Vai nessa! Treviso, Roma, uma hora de vôo, volta o relógio uma hora. Perdi até as contas já. Mas, agora é hora de passar pela imigração de Londres. O que vamos dizer? A verdade.
"Quanto tempo pretende ficar aqui em Londres?" Perguntou um agente. 
"O mínimo possível" respondi.
(metro da estação fantasma para Termini - Roma)

Carem e Alissom (RS)

aeroporto de Londres para o centro

Vamos correr galera, vamos pesquisar sobre ir de navio para Dublin. No aeroporto, no início da madrugada, vamos acessar a net para pesquisar. Só para constar 3 minutos 1 pound. Um roubo.
Após desesperadamente pesquizarmos, descobrimos um ônibus que sai de Londres e vai a Dublin, via navio. Ele sai as 6 da manha e como vamos chegar no centro de Londres? Ah tem um ônibus.
Simbora. Despedimos das amazonenses, elas chegaram no destino Londres (na verdade elas iriam para Dublin por dois dias e depois Londres, mas na confusão, já que está em Londres, é melhor ficar). Chegamos na estação Vitória num frio gente que, num frio que...num frio...e a loja que venderia as passagens para o ônibus só abriria as 8 da manhã, mas o ônibus sai as 6 dá pra comprar lá dentro? Vamos descobrir e enquanto isso, frio, frio, frio, escuridão, fome. Descobrimos que o ônibus sai da rodoviária ali pertinho, após alguma horas, mas ainda escuro a galera que já tem passagem fica na fila, não dá pra comprar a passagem dentro do ônibus, mas tem um caixa eletrônico que vende as passagens e dá-lhe correria. Bom tenho que dizer, o caixa estava inoperante. E agora José? Deu o horário de abrir a loja que vende passagens e adivinha, fila enorme na porta e na hora de comprar, passagem para Dublin só para o dia 3 de Janeiro. Ai meu Deus...que que isso? Só pode ser pegadinha ou teste de resistência. Galera chora! Desespero total. O casal que tava com a gente precisava voltar para Dublin pois tinham vôo de volta para o Brasa no dia 28 de Dezembro. Eu tava firme. Mantendo o controle. E agora
Minha patroa e amiga me deu a dica, vai para a estação Euston e compre passagem para Holyhead e lá pegue o navio pela Irish Ferries para Dublin. Corre de um lado, corre de outro. Chegamos na estação, e estava um pouco a mais do que LOTADA. De novo, gente stressada, linhas de trem sendo canceladas, de novo choro e de novo não tem como comprar passagem para casa.
Precisamos descansar galera. Precisamos dormir, precisamos descansar o corpo. Ali perto da estação achamos um hostel, que tinha computadores com tempo de uso mais prolongado. Nossa chance é comprar pela internet. Preciso ligar pra casa. Já não dá mais.
Não consigo mais ser a forte. 
"Alô, quem tá falando?"
"É a mãe do Jacó".
"Vó, a mãe taí é urgente?"
"Tá não"
.............................
Desliguei na cara da minha vó. E chorei escondida. Precisava falar com a minha mãe. Aff!
Tadinha dá vó, me contaram que ela começou a tremer. Quase matei ela. Deus me perdoe!

Tive que desligar porque a ligação de Londres para o Brasil é simplesmente muito cara, meus créditos dariam para falar uns 4 minutos só. E a galera que tava comigo já não tinha mais crédito, pois tentamos amigos que pudessem nos ajudar em todas as partes. As nóticias que iam para o Brasil era que a Europa tava um caos e Londres tava como o inferno e tenho que dizer, as notícias eram verdadeiras.

O dinheiro já estava acabando, as passagens eram todas muito caras, Desde Roma, passagem, celular, comida e agora hostel porque não dá pra tentar mais hoje.
De volta ao computador, compramos passagem de barco para Dublin para dois dias a partir desse. E compraríamos passagem para Holyhead para o próximo dia bem cedo.

Deixei um depoimento desesperado para meu pai e pela primeira vez desde que viajei para o fora do Brasil recebi uma ligação de casa, era a Júnia e assim que ela me perguntou "Débora, o que está contecendo?"
Xiiiiiiiiiiii, aí amigo, a guela seca, trava e as lágrimas caem, só peço
"Ora pela gente, tá dando tudo errado, dinheiro acabando, 2 dias sem dormir, só andando e tentando e levando não, frio, neve, fome..."
"Calma Débora, (... e entre muitas coisas) vai dar certo."
Voltamos a estação e com a passagem do barco já comprada, precisavamos agora da passagem para Holyhead. Compramos a primeira passagem para o próximo dia.

Olho inchado, olheira, mas, amanhã será um novo dia. Previsão de chegar em casa dia 24 de dezembro.

Amanheceu, vamos pegar o trem para Holyhead e lá a gente encontra um hostel para dormir e pegar o navio no outro dia. Mas como disse anteriormente, brasileiro se acha e achamos, na verdade fomos achados por um trio de brasileiros que estavam indo para Holyhead, mas iam pegar o navio naquele mesmo dia. Quase que nosso trem foi cancelado, mas a nossa sorte estava para mudar. Os brasileiros tinham a mesma passagem que a gente e pensamos, porque a gente não tenta pegar o barco hoje? Afinal tá pra outra data, mas nosso passe de trem está pra hoje e não estaríamos viajando de graça. Vamos tentar e após mais 4 horas de viagem, uma hora e meia viajando em pé, porque o trem estava LOTADO, chegamos a estação Holyhead. Fomos para a fila, será que vai? Minha barriga gelava, e...conseguimos gente.
Entramos no barco e gritamos, gritamos de alegria. Finalmente nossa sorte tinha realmente mudado. Chegaríamos uma dia antes do previsto. Passaríamos o natal em casa.

Vivemos um milagre de natal. Apesar de estarmos há quase 3 dias sem dormir, sem banho e ainda mais dias sem alimentação saudável, estaríamos em casa. 

Neve em Dublin, mas estamos em solo amigo.

Após viajar de metro (estação desconhecida até a estação Termini 40min.), trem bala (Termini - Roma a Veneza 3 horas), trem normal (Veneza - Treviso 40min.), ônibus (Treviso centro ao aeroporto (50min.), avião (Treviso - Londres 1hora), ônibus (aeroporto ao centro de Londres 1h),        metro (estação vitoria - estação euston 20min.), trem (Londres - Holyhead 4h), navio (Holyhead - Dublin 3h), ônibus (porto de Dublin ao centro (50min.)....aproximadamente, mas as horas que fazíamos a pé essas que não fiquei contando.

Vivi no limite. Cresci. Aprendi. Sobrevivi e novamente vi o agir de Deus. Que tomou conta de mim em todos os momentos. Era preciso. Hoje sou melhor que ontem.

E apesar de tudo, amei conhecer a cidade eterna. A cidade que antes perseguiu cristãos mas que agora abriga o Vaticano. A cidade que tem o coliseu, símbolo de poder dos antigos imperadores e que hoje é ruína. O mundo dá voltas.
tentando chegar em Treviso

Veneza

precisa de legenda?

Por tantas vezes...

dentro do barco

só pra comemorar

Milagre de Natal - volta pra casa

Parafraseando o que uma amiga me disse (Geise):

"Sei que 2010 foi um dos anos mais marcantes em sua vida, talvez o mais diferente: ano em que você amadureceu uns 10 anos, mais ou menos, sentiu coisas bem novas, conheceu 1000000000 lugares maravilhosos, sentiu saudades no grau máximo, sentiu tristeza no grau máximo, alegria no grau máximo, foi um ano de máximos.

Como 2011 pode superar 2010? Muito fácil!! Em 2011 você estará muito mais preparada para qualquer coisa que a vida te apresentar, vai poder contar histórias de 2010...se você fizesse 100 anos de vida em 2011 você diria: Caramba, eu vivi bem demais, experimentei muito, curti muito. Acho que é assim que gostaríamos de terminar nossos dias...

Em 2011 você mostrará para o mundo a nova Débora, com a mesma essência, mas muito mais lapidada, melhorada e amadurecida, não tenho dúvidas!"

Digo:

Amém